Cf. CCGG art. 19-31
Nós,
franciscanos, estamos sempre revendo nossa vida de oração. As CCGG
nos oferecem orientações bem práticas nesse campo. Somos filhos e discípulos de
um homem que não rezava apenas, mas que se transformara na própria oração.
“Muitas vezes, com os lábios imóveis, ruminava interiormente e, arrastando para
o interior as realidades exteriores, elevava o espírito às superiores. Assim,
totalmente transformado não só em orante, mas em oração, dirigia toda atenção e
todo afeto a uma única coisas que pedia ao Senhor” (2Cel 95). Nosso intuito é
chamar atenção para orientações práticas em vista de não perdemos o espírito da
devoção ao qual tudo dever servir e não fazemos em vão nossa corrida.
As
CCGG orientam nossos passos. Pede que tenhamos entranhado amor pela
Eucaristia, que celebremos juntos nossa fé, que recolhamos os nomes do Senhor
escritos e espalhados pelo vento. Pede fidelidade à Liturgia das Horas.
Aconselha-nos a buscar tempos a serem vividos em eremitérios. Insiste que nada
nos faça perder o espírito da devoção.
Apoiados
em reflexões de Ludovico Profili (Francesco, pura trasparenza di
Cristo, Ed. Porziuncula, Assis, p. 146-150). Vejamos algumas
orientações metodológicas para adquirir o espírito de oração.
A oração de São Francisco,
como diálogo de amor entre o homem e Deus, não tem regras metodológicas
próprias e estritas. Seu desenvolvimento se verifica, de um lado, pela ação do
Espírito que age com divina liberalidade e não admite qualquer tipo de
catalogação. De outro lado depende da criatividade do asceta e do místico
que não se repete. O amor, no entanto, tem suas exigências para poder
exprimir-se. Assim há algumas condições que possibilitam o bom exercício da
oração para que esta possa tornar-se contemplação.
Exigência
bíblica do deserto – Deus
está em todas as partes e pode ser encontrado em todos os lugares. A
Sagrada Escritura, no entanto, nos diz que um lugar privilegiado do encontro
com Deus é o deserto. Para falar aos homens de tu para tu, para revelar-se a
eles e fazer-lhes confidências como para ser ouvido, Deus chama-os para a
solidão. Francisco compreendeu bem isto. Quando queria fazer uma experiência
profunda de Deus, mergulhar com todo o seu ser na oração, procurava um lugar
retirado onde pudesse unir-se a Deus, não somente com o espírito,
mas com todo o seu ser. Vemo-lo procurando os bosques, as florestas
e os lugares solitários. Dialogava com seu senhor: respondia ao juiz suplicava
ao Pai e conversava com o Amigo, relacionava-se com o Esposo ( cf. 2Cel 95).
Exigência
do recolhimento interior - Se Francisco não podia se afastar para o deserto de uma
florestas ou de uma gruta - Celano observa – o santo fazia um
templo em seu peito. Chamado a restaurar a Igreja pela pregação itinerante,
caminhando de aldeia em aldeia, não podia gozar do silêncio exterior, mas não
deixava de experimentar o silêncio interior. Deste último não abria mão.
Vários
tipos de oração –
No diálogo com Deus haverão de intervir todos os componentes da
pessoa humana, ou seja, corpo, sentimentos internos,
espírito. A oração se realiza por meio de três modalidades clássicas:
vocal, mental discursiva ou mediação, mental intuitiva ou contemplação. Celano
atesta que tudo isso se verificou na vida de Francisco. Orando nas
florestas enchia os bosques de gemidos, a terra de lágrimas e batia no
peito, dialogava em alta voz com seu Senhor… Muitas vezes, sem mover os lábios,
meditava por longo tempo em seu interior e concentrando-se
interiormente elevava seu espírito ao céus ( cf. 2Cel 95).
Nossas
CCGG fazem recomendações bem práticas nos artigos supracitados e em
seus respectivos parágrafos. Importante uma leitura do texto
integral. Que todos leiam o texto original. As Constituições nos levam procurar
uma oração profunda e criativa:
● Rezamos
sempre porque o Senhor quer adoradores de todo o coração e em todo o
tempo. A oração é disposição permanente de que quem quer ser
do Altíssimo (19).
● Nossa
oração será preferencialmente de ação de graças. Restituímos ao Senhor
todos os bens que ele nos deu e continua a dar (20).
●
Fomentaremos amor diligente pelo grande mistério do Corpo e do Sangue do Senhor
(21,1).
● Que
celebrem a Eucaristia diariamente, se possível. Que ela seja centro e
fonte de comunhão fraterna (21,2).
● Somos
convidados a ter em casa um oratório onde se conserve a Eucaristia (21,3).
● Façam
celebrações da Palavra em fraternidade e com o povo ( 22,2).
● Pela
Liturgia das Horas, que os irmãos santifiquem o curso do dia e da
noite (23,1).
●
Normalmente, a Liturgia das Horas será feita em comum (23,2).
● Embora
a celebração comum da Liturgia das Horas não se prenda a um lugar, de
preferência que seja feita na igreja ou num oratório, porque ali também o povo
pode ser convidado a dela participar (23,3).
● Em
particular ou em comum os irmãos se dediquem à oração mental. Cabe aos
Estatutos determinar o tempo e as demais circunstâncias das celebrações
da Eucaristia e da Liturgia das Horas (24 e 25).
● Tenham
o cuidado de fomentar devoção aos mistérios da vida de Cristo e de sua Mãe
(26).
● Os
exercícios de piedade tenham sólidos fundamentos bíblicos (26,2).
● “Os
irmãos procurem rezar com o povo, assumindo a realidade de sua vida e
participando com simplicidade de sua esperança e de sua fé. (27,2).
●
“Conscientes de que todas as coisas temporais devem servir ao espírito da santa
oração e devoção, os irmãos cuidem que a excessiva atividade não
venha a prejudicar este espírito” (28,1).
“Para
conservar no seu coração o bem que o Senhor lhes mostra, os irmãos utilizem os
meios de comunicação com a necessária discrição” (28,2).
●
Incentivar-se-á a dimensão contemplativa de nossa vocação buscando novas formas
para expressa-la tanto comunitária quanto individualmente (29).
● Que
todos façam o retiro mensal e anual. Procurem expedientes que
visem fazer crescer o espirito de oração (30, 1-2).
● Que os
irmãos possam passar um tempo em eremitérios e que ali se possam seguir a
Regra para os eremitérios composta por São Francisco com as necessárias
adaptações.
Frei
Almir Ribeiro Guimarães
Fonte:http://www.franciscanos.org.br/?p=42897#sthash.RnautK7S.dpuf
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