Dos
“Fioretti” – Terceira consideração dos Sacrossantos Estigmas
“
Um dia,
no princípio de sua conversão, ele rezava na solidão e, arrebatado por seu
fervor, estava totalmente absorto em Deus e lhe apareceu o Cristo Crucificado.
Com esta visão, sua alma se comoveu e a lembrança da Paixão de Cristo penetrou
nele tão profundamente que, a partir deste momento, era-lhe quase impossível
reprimir o pranto e suspiros quando começava a pensar no Crucificado”. E
rezava:
“Ó
Senhor, meu Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças, antes de eu
morrer: a primeira é que, em vida, eu sinta na alma e no corpo, tanto quanto
possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua dolorosa
Paixão. A segunda, é que eu sinta, no meu coração, tanto quanto for
possível, aquele excessivo amor, do qual tu, filho de Deus, estavas inflamado,
para voluntariamente suportar uma tal Paixão por nós pecadores”.
Da
Legenda Menor de São Boaventura, Capítulo 6
“Francisco
era um fiel servidor de Cristo. Dois anos antes de sua morte, havendo iniciado
um retiro de Quaresma em honra de São Miguel num monte muito alto chamado
Alverne, sentiu com maior abundância do que nunca a suavidade da contemplação
celeste. Transportado até Deus num fogo de amor seráfico, e transformado por
uma profunda compaixão n’Aquele que, em seus extremos de amor, quis ser
crucificado, orava certa manhã numa das partes do monte.
Aproximava-se
a festa da Exaltação da Santa Cruz, quando ele viu descer do alto do céu, um
serafim de seis asas flamejantes, o qual, num rápido vôo, chegou perto do lugar
onde estava o homem de Deus. O personagem apareceu-lhe não apenas munido de
asas, mas também crucificado, mãos e pés estendidos e atados a uma cruz. Duas asas
elevaram-se por cima de sua cabeça, duas outras estavam abertas para o vôo, e
as duas últimas cobriam-lhe o corpo.
Tal aparição deixou Francisco mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclavam a tristeza e a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma como uma espada de dor e de compaixão.
Tal aparição deixou Francisco mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclavam a tristeza e a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma como uma espada de dor e de compaixão.
Aquele
que assim externamente aparecia o iluminava também internamente. Francisco
compreendeu então que os sofrimentos da paixão de modo algum podem atingir um
serafim que é um espírito imortal. Mas essa visão lhe fora concedida para lhe
ensinar que não era o martírio do corpo, mas o amor a incendiar sua alma que
deveria transformá-lo, tornando-o semelhante a Jesus crucificado.
Após uma
conversação familiar, que nunca foi revelada aos outros, desapareceu aquela
visão, deixando-lhe o coração inflamado de um ardor seráfico e imprimindo-lhe
na carne a semelhança externa com o Crucificado, como a marca de um sinete
deixado na cera que o calor do fogo faz derreter.
Logo
começaram a aparecer em suas mãos e pés as marcas dos cravos. Via-se a cabeça
desses cravos na palma da mão e no dorso dos pés; a ponta saía do outro lado. O
lado direito estava marcado com uma chaga vermelha, feita por lança; da ferida
corria abundante sangue. Frequentemente, molhando as roupas internas e a
túnica. Fui informado disso por pessoas que viram os estigmas com os próprios
olhos.
Os irmãos
encarregados de lavar suas roupas, constataram com toda segurança que o servo
de Deus trazia, em seu lado bem como nas mãos e pés, a marca real de sua
semelhança com o Crucificado”.
Tomás de
Celano – Vida II, 211
“Francisco
já tinha morrido para o mundo, mas Cristo estava vivo nele. As delícias do
mundo eram uma cruz para ele, porque levava a cruz enraizada em seu coração.
Por isso fulgiam exteriormente em sua carne os estigmas, cuja raiz tinha
penetrado profundamente em seu coração”.
Outros
textos: 1Cel, 94; Legenda Maior, 13,35,69.
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?page_id=21135#sthash.Tx3fXY7f.dpuf
Nenhum comentário:
Postar um comentário