Franciscanos que somos
conhecemos o encontro de Francisco com o Evangelho na igrejinha de Nossa
Senhora dos Anjos da Porciúncula. O padre havia lido o texto do envio dos
apóstolos pelo mundo sem cajado, sem duas peças de roupa, pobre e
despojadamente. Depois de buscar uma explicação do sacerdote sobre o
texto ouvido, Francisco afirma: “É isso que eu quero, é isso que busco de todo
o coração” (1Celano 22).
Frei Antonin Alis, OFMCap,
assim comenta as reações do Poverello: “Francisco de Assis ouve o
Evangelho ao longo de uma celebração da missa e esse Evangelho o toca
profundamente. Até então nunca havia ele sentido esta conivência profunda
entre seus mais caros desejos e o Evangelho.
De repente, o Evangelho
toca todo o seu ser. É como uma iluminação. ‘Eis o que eu quero… eis o que
busco’, Francisco buscava seu caminho e tudo se esclarece nessa pequena
capela da Porciúncula. ‘Ninguém me mostrou o que eu devia fazer. O Senhor
mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho’ (Testamento).
Na vida há ocasiões, como esta, em que a palavra torna-se, de repente, uma
palavra de vida.
Como um nascimento,
como uma futuro que se abre. O fato costuma se dar de uma forma tal que
perguntamo-nos senão se trata de uma ilusão. Francisco solicita explicações
sobre o texto ao padre. As palavras do sacerdote confirmam o que ele havia
pensado e o enchem de grande alegria. Seu coração se dilata.
Francisco é um ser de
desejo. Traz consigo muitas aspirações que não consegue exprimir nem sabe como
realizá-las. A Palavra vai esclarecê-lo. Hoje, muitos homens e mulheres à nossa
volta aspiram pela felicidade e procuram o caminho que a ela leva. Alguns
se deixam seduzir pelas seitas, esoterismo, filosofias orientais…
Outros andam atrás de
revelações e aparições. Francisco teve a chance de escutar o Evangelho no
bom momento. Como fazer com que o Evangelho seja percebido como Boa Nova para
hoje? Francisco pôde contar com um sacerdote que o orientou e fez com que ele
compreendesse o que estava ouvindo. Não poucos homens e mulheres de hoje são entregues
a eles mesmos ou caem nas mãos de charlatães. O acompanhamento é
essencial para discernir (Évangile Aujourd’hui 205, p. 33).
Frei Almir Ribeiro
Guimarães
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=51831#sthash.GiTVHfos.dpuf