quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A respeito da vida de oração



Cf. CCGG  art. 19-31 
Nós, franciscanos, estamos sempre revendo  nossa vida de oração.  As CCGG nos oferecem orientações bem práticas nesse campo. Somos filhos e discípulos de um homem que não rezava apenas, mas que se transformara na própria oração. “Muitas vezes, com os lábios imóveis, ruminava interiormente e, arrastando para o interior as realidades exteriores, elevava o espírito às superiores. Assim, totalmente transformado não só em orante, mas em oração, dirigia toda atenção e todo afeto a uma única coisas que pedia ao Senhor” (2Cel 95). Nosso intuito é chamar atenção para orientações práticas em vista de não perdemos o espírito da devoção ao qual tudo dever servir e não fazemos em vão nossa corrida.
As CCGG  orientam nossos passos. Pede que tenhamos entranhado amor pela Eucaristia, que celebremos juntos nossa fé, que recolhamos os nomes do Senhor escritos e espalhados pelo vento. Pede fidelidade à Liturgia das Horas. Aconselha-nos a buscar tempos a serem vividos em eremitérios. Insiste que nada nos faça perder o espírito da devoção.
Apoiados em reflexões  de Ludovico Profili (Francesco, pura trasparenza di Cristo, Ed. Porziuncula, Assis,  p.  146-150). Vejamos algumas orientações metodológicas para adquirir o espírito de oração.
A oração de  São Francisco, como diálogo de amor  entre o homem e Deus, não tem regras metodológicas próprias e estritas. Seu desenvolvimento se verifica, de um lado, pela ação do Espírito que age com divina liberalidade e não admite qualquer tipo de catalogação. De outro lado depende da criatividade  do asceta e do místico que não se repete. O amor, no entanto, tem suas exigências para poder exprimir-se. Assim há algumas condições que possibilitam o bom exercício da oração para que esta possa tornar-se contemplação.
Exigência bíblica do deserto – Deus está em todas as partes e pode ser encontrado em todos os lugares.  A Sagrada Escritura, no entanto, nos diz que um lugar privilegiado do encontro com Deus é o deserto. Para falar aos homens de tu para tu, para revelar-se a eles e fazer-lhes confidências como para ser ouvido, Deus chama-os para a solidão. Francisco compreendeu bem isto. Quando queria fazer uma experiência profunda de Deus, mergulhar com todo o seu ser na oração, procurava um lugar retirado  onde pudesse unir-se a Deus,  não somente com o espírito, mas com todo o seu  ser.  Vemo-lo procurando os bosques, as florestas e os lugares solitários. Dialogava com seu senhor: respondia ao juiz suplicava ao Pai e conversava com o Amigo, relacionava-se com o Esposo ( cf. 2Cel 95).
Exigência do recolhimento interior - Se  Francisco não podia se afastar  para o deserto de uma florestas ou de uma gruta  -  Celano observa – o santo fazia um templo em seu peito. Chamado a restaurar a Igreja pela pregação itinerante, caminhando de aldeia em aldeia, não podia gozar do silêncio exterior, mas não deixava de experimentar o silêncio interior. Deste último não abria mão.
Vários tipos de oração  –  No diálogo com Deus haverão de intervir  todos os componentes da pessoa humana, ou seja,  corpo, sentimentos internos,  espírito.  A oração se realiza por meio de três modalidades clássicas:  vocal, mental discursiva ou mediação, mental intuitiva ou contemplação. Celano atesta que tudo isso se verificou na vida de Francisco. Orando nas florestas  enchia os bosques de gemidos, a terra de lágrimas e batia no peito, dialogava em alta voz com seu Senhor… Muitas vezes, sem mover os lábios, meditava por longo tempo em seu interior  e concentrando-se interiormente  elevava seu espírito ao céus ( cf.  2Cel 95).
Nossas  CCGG  fazem recomendações bem práticas  nos artigos supracitados e em seus respectivos parágrafos.  Importante  uma leitura do texto integral. Que todos leiam o texto original. As Constituições nos levam procurar uma oração profunda e criativa:
● Rezamos  sempre porque o Senhor quer adoradores de todo o coração e em todo o tempo.  A  oração é disposição permanente de que quem quer ser do  Altíssimo  (19).
● Nossa oração será preferencialmente de ação de graças.  Restituímos ao Senhor todos os bens que ele nos deu e continua a dar (20).
● Fomentaremos amor diligente pelo grande mistério do Corpo e do Sangue do Senhor (21,1).
● Que celebrem a Eucaristia diariamente, se possível.  Que ela seja centro e fonte de comunhão fraterna (21,2).
● Somos convidados a ter em casa um oratório onde se conserve a Eucaristia (21,3).
● Façam celebrações da Palavra em fraternidade e com o povo (  22,2).
● Pela Liturgia das Horas,  que os irmãos  santifiquem o curso do dia e da noite (23,1).
● Normalmente, a Liturgia das Horas será feita em comum (23,2).
● Embora a celebração comum da Liturgia das Horas não se prenda a um lugar,  de preferência que seja feita na igreja ou num oratório, porque ali também o povo pode ser convidado a dela participar (23,3).
● Em particular ou em comum os irmãos se dediquem à oração mental. Cabe aos Estatutos determinar o tempo e  as demais circunstâncias das celebrações da Eucaristia e da Liturgia das Horas (24 e 25).
● Tenham o cuidado de fomentar devoção aos mistérios da vida de Cristo e de sua Mãe (26).
● Os exercícios de piedade tenham sólidos  fundamentos bíblicos (26,2).
● “Os irmãos procurem rezar com o povo, assumindo a realidade de sua vida e participando com simplicidade de sua esperança e de sua  fé. (27,2).
● “Conscientes de que todas as coisas temporais devem servir ao espírito da santa oração e devoção, os  irmãos cuidem que a excessiva atividade  não venha a prejudicar este espírito” (28,1).
“Para conservar no seu coração o bem que o Senhor lhes mostra, os irmãos utilizem os meios de comunicação com a necessária discrição” (28,2).
● Incentivar-se-á a dimensão contemplativa de nossa vocação buscando novas formas para expressa-la tanto comunitária quanto individualmente (29).
● Que todos façam o retiro mensal e anual.  Procurem expedientes que visem   fazer crescer o espirito de oração (30, 1-2).
● Que os irmãos possam passar um tempo em eremitérios e  que ali se possam seguir a Regra para os eremitérios  composta por São Francisco com as necessárias adaptações.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
Fonte:http://www.franciscanos.org.br/?p=42897#sthash.RnautK7S.dpuf

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