sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Os sinais de Deus no tempo que corre

Efésios 4,1-6; Lucas 12, 54-59

Jesus  convida seus discípulos a descobrirem os sinais de Deus nas coisas que passam, na história concreta que as pessoas vivem. Deus nos fala também através dos acontecimentos, das novidades que nos interpelam, nos desafios que a vida nos apresenta. Através daquilo que nos vai acontecendo, o Senhor pede que demos um passo adiante e que não venhamos a nos fixar no passado. Os judeus estavam acostumados a escutar a voz de Deus através da Bíblia e as pessoas habituadas a interpretar os sinais da natureza anunciando mudança de clima. Da mesma forma, Jesus pede que  estejam atentos ao que Deus quer dizer através dos novos acontecimentos.
Sinais dos tempos são acontecimentos exprimem aspirações do mundo de hoje. O  Concilio do  Vaticano II assim se exprimiu sobre o assunto: “Movido pela fé, conduzido pelo Espírito do Senhor que enche o orbe da terra, o Povo de Deus esforça-se por discernir  nos acontecimentos, nas exigências, nas aspirações de nossos tempos, quais eram os sinais verdadeiros da presença ou dos desígnios de Deus.  A fé, com efeito, esclarece todas as coisas com luz nova” (Gaudium et Spes, 11).
Não é tão fácil ler nos acontecimentos sinais dos tempos.  A promoção e o respeito pela mulher, que nosso tempo conhece sempre foi visto como um sinal dos tempos. Mesmo com a difusão  do cristianismo através dos tempos a mulher viveu no mundo e na Igreja uma situação de subserviência. Movimentos, reivindicações, campanhas foram sendo desenvolvidas para  restituir-lhe a dignidade que lhe cabe.  A batalha pela busca da dignidade da mulher é, pois, um sinal dos tempos.
As primeiras páginas da Bíblia nos falam da criação do mundo e do homem. A este é confiado o jardim do Éden. O homem ficou sendo o guardião do cosmos. Ora, os fatos concretos da poluição, desmatamento, queimadas e tantos outros cataclismos são sinais de alerta de Deus a respeito da preservação da natureza para o bem da própria  humanidade.
Na Idade Média,  Francisco de Assis, a partir de uma visão de fé do mundo saindo das mãos de Deus e compôs o belíssimo Cântico do Irmão Sol  no qual o santo louva a terra, o vento, o verde e água. Ao longo dos últimos tempos, a cidade de Assis foi se tornando espaço de paz e de diálogo entre todos. O Cântico, o apreço que lhe é prestado,  a sensibilização de todos com respeito ao tema da preservação do ambiente é um sinal dos tempos. O Senhor nos fala deste modo.
Tempos houve em que nós, católicos, éramos maioria. Nem sempre uma maioria  qualitativamente excelente, mas maioria. Ora, a sensível diminuição dos efetivos católicos é um grito de alerta: alguma coisa precisa ser mudada, revista.  Os sintomas de envelhecimento e de esforços que muitas vezes são feitos  na linha de mera conservação não favorecem o presente e o amanhã da Igreja. Serão necessários óculos eficazes para fazer a leitura desse sinal….
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=26375
Frei Almir Ribeiro Guimarães

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