Quando
se fala de Carisma, antes de qualquer outra coisa, deve-se
necessariamente reportar a São Paulo (1Cor 12-13), a partir do qual se
pode estabelecer que os carismas são dons do Espírito Santo conferidos
aos eleitos, ou seja, aos batizados, para que a Igreja, ao longo dos
tempos, possa eficazmente realizar a sua finalidade principal: levar os
homens à salvação e ser uma presença clara e atuante de Jesus Cristo no
mundo.
E
o valor destes dons é sempre o bem comunitário posto a serviço de todo o
Corpo Místico, de forma que cada um de seus membros recebe, além da
justificação batismal, uma graça destinada a torná-lo co-responsável por
sua atividade pessoal, pela salvação de todo o corpo: “carismas
diferentes, de acordo com a graça que Deus concedeu a cada um... e
conforme o impulso da fé” (Rm 12, 6).
Assim
sendo, cada batizado possui a capacidade para ser transformado em
instrumento do e pelo Espírito Santo, para cumprir uma tarefa específica
na manifestação do Reino de Deus e edificação/ atualização da vida de
sua Igreja, em tempos determinados, atendendo a necessidades
determinadas do povo de Deus.
Conformando-se
às disposições humanas de cada batizado, o Espírito Santo orienta a
vocação geral de todo cristão para a santidade e para o apostolado, para
este ou aquele serviço; e isto se dá no momento propício – geralmente
marcado por uma mudança radical e dolorosa de vida: a conversão – em que
o cristão se abre plenamente à graça do mesmo Espírito que o conduz a
uma missão importante e única a favor de toda Igreja.
Em
certos momentos da história da humanidade, o Espírito suscita pessoas
específicas para, por meio de uma profunda experiência com Deus, trazer
vida nova para a sua Igreja e para o mundo, relembrando-os de algo
esquecido ou chamando sua atenção para um aspecto novo ou negligenciado
de sua caminhada.
A
partir deste ponto, o convertido realiza uma singular experiência
evangélica que o faz abandonar tudo que antes lhe era agradável, para se
conformar com os apelos que o Espírito faz em seu interior. E isto
ocorre com tal intensidade que seu novo modo de viver e agir e seu
exemplo vibram como uma nova proclamação do Evangelho, uma nova visão da
Palavra de Deus, que transcende os limites pessoais e afetam as pessoas
a sua volta, convocando-as a fazer a mesma experiência.
O
convertido consegue fazer com que o grupo participe de seu carisma
pessoal que, desde este momento, passou a ser meta e orientação para o
próprio grupo. O convertido transforma-se em referencial para toda uma
geração de seguidores, converte-se em fundador de toda uma maneira
própria de ver o homem e o mundo.
É
nesta dinâmica que se dá e que se deve procurar apreender a experiência
pessoal de São Francisco de Assis, que culmina na gênese e na
construção do Carisma Franciscano
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